Colegas de Domicílio



Quando passei a morar na minha atual residência, fui recebida sem muitas felicitações pela moradoras daqui. Atualmente, posso até afirmar que temos uma relação de respeito, uma para com as outras. Por vezes já parei para pensar no desconforto que foi para elas ter que dividir moradia com uma desconhecida, e poderiam questionar qual seria o seu destino caso fossem rejeitadas.
As tais colegas de domicílio tratavam-se de insetos blatídeos de forma achatada, de hábitos noturnos; podem ser silvestre, mas essas eram domésticas. Mais conhecidas como baratas.
No início nossa convivência não era das melhores, havia embate o tempo todo. Um voo de lá, um susto de cá; pisões, perseguições. Mas com o tempo fomos nos acostumando com a presença umas das outras.
Certo dia eu estava andando pelas dependências da casa, como quem queria explorar o espaço, e me deparei com uma delas. Vinha desatenta. Certamente procurava por comida. O fato é que ambas não esperávamos o encontro e o contato foi inevitável.
- Que nojo! Ela me tocou! Ela me tocou!                                                       
Então a barata saiu apressada, parou embaixo do armário enquanto esfregava as patas uma na outra, insistentemente, como se quisesse limpá-las. Eu apenas a observava.


Apropriação Cultural

Joyce Luana, Empatia. Acrílica sobre tela, 40x40, 2017. 
    Ultimamente tem-se discutindo muito sobre a Apropriação Cultural, decidi abordar o tema em uma tela e participar da discussão por entender a importância do assunto.
    Como já mencionei em um post anterior, obras de arte dão liberdade ao espectador para interpretá-la como lhe prover. Ma, mais uma vez direi os significados que eu quis expressar.
    A tela é composta pela representação de uma montagem de fotografias rasgadas de pessoas de várias etnias, que formam um busto feminino. Este representa a igualdade entre os povos, que independentemente da cor, crença ou costumes, compartilhamos da mesma Humanidade. O turbante colorido que adorna a cabeça representa o pedido de respeito à cultura alheia.

Mas o que é Apropriação Cultural?

    Apropriação Cultural é a adoção de alguns elementos específicos de uma cultura por um grupo Cultural diferente. Seu significado pode implicar em uma visão negativa quando uma cultura dominante se apropria de uma cultura minoritária.
    Não precisamos ir muito longe para acharmos um exemplo, no Brasil a Apropriação Cultural aconteceu de forma expressiva em relação à cultura Afro e a Indígena.
    Os negros africanos foram arrancados de seus lares e jogados em um lugar desconhecido. Tiveram sua liberdade tomada e foram forçados a postergar suas crenças e costumes.
    Mesmo exauridos pela brutalidade da escravidão, os africanos resgataram seus ritos religiosos, mesmo de forma secreta dentro das senzalas, e usavam seus símbolos como forma de resistência.
    Depois de sofrerem desprezo e ataques racistas por causa da forma como dançavam, cantavam e se vestiam, hoje o "ritmo de preto" é símbolo nacional, cujos maiores representantes são de pele branca. Até os dias atuais a religião, vestes, costumes, símbolos, cabelo ou pele de negros são menosprezados e ofendidos. A não ser que um indivíduo de pele branca se vista como negro, use cabelo crespo ou trançado, dance ou cante músicas de negro, aí é diferente: é fashion e descolado.
    Mas a questão não é sobre indivíduos,  não estamos falando de uma grande guerra estre negros e brancos, onde aqueles querem se vingar e dominar estes.
    A questão é sobre negros poderem usar seus símbolos, seu cabelo crespo ou trançado, suas vestes estampadas ou brancas, praticar sua religião sem alguém o menosprezar ou o ofender por causa disso. É o branco poder fazer parte disso, se quiser, usar as mesmas vestes estampadas ou brancas, fazer parte da mesma religião, "encrespar" o cabelo, desde que entenda e respeite o que isso significa, e que o negro ou o índio não sejam ofuscados, como sempre acontece. Stephanie Ribeiro, no site Geledés, afirma que "o processo de Apropriação Cultural é a quando se tira o sentido de alguns símbolos, em especial religiosos, se desumaniza os indivíduos dessa cultura e se entende que os mesmos símbolos  quando usados por eles não tem valor".
    Acredito quem o maior problema da Apropriação Cultural é o capitalismo. No contexto capitalista, a apropriação ultrapassa o desrespeito às culturas alheias. Basta uma modelo estampar uma capa de revista de moda famosa usando turbante que isso logo se torna bonito, fashion e aparece em todas as vitrines, perdendo qualquer relação com sua origem ou significado.
    O artesanato produzido por tribos indígenas, que contam sua história e marca suas tradições,  é vendido por altos preços em lojas de decoração "chics", sem nenhuma menção aos seus significados ou remuneração justa às artesãs.
    A sociedade evolui progressivamente em vários aspectos, mas regride em outros. Precisamos praticar e espalhar a Empatia pelo mundo, pela esperança da formação de pessoas conscientes, igualitárias e respeitosas para com o outro.

Pintura: BRASILIDADE

Brasilidade. Joyce Luana de Farias, 2014-2017. Acrílica sobre a tela, 40x60.
Há três anos comecei a pintar esta tela, por algum motivo deixei-a de lado e até esqueci de sua existência. Quando ainda estava criando seu esboço, achei que ela seria apenas uma fotografia metafórica das coisas que tinham ocorrido até aquele ano, que em algum momento ela se tornaria obsoleta com o tempo, afinal de contas estamos em constante “progresso” e evolução.

Tamanha foi minha surpresa quando esbarrei com ela novamente e resolvi termina-la, pois nada tinha mudado, na verdade as coisas estão muito pior. A diferença é algumas questões pararam de ser discutidas, não por não existirem, mas por terem sido ofuscados com outras consideradas mais graves.

Vocês, observadores, podem interpretá-la como lhe prouver, as obras de arte nos dão essa liberdade, a forma como ela chega aos nossos olhos é muito subjetiva. Porém eu, como criadora, vou adiantar-lhes as pretensões que me tomavam quando me ocorreu a ideia de pintá-la. 

Suponho que tenham observado que a bandeira do Brasil está representada como protagonista da obra, mas optei por não pintá-la da forma convencional. A cor verde de nossa bandeira representa as matas e florestas de nosso lindo país; conservei essa cor e significados, porém com uma grande pitada de realidade: o desmatamento. E esse é um dos assuntos que de alguma forma foi ofuscado, ainda fala-se nele, entretanto outras pautas se tornaram mais importantes.

De acordo com pesquisas recentes, o Brasil ocupa o segundo lugar no pódio como o país que possui a maior cobertura vegetal do mundo, em primeiro está a Rússia. Porém, o desmatamento tem reduzindo de forma significativa a cobertura vegetal no território brasileiro. Aproximadamente 20 mil quilômetros quadrados de vegetação é desmatada por ano em consequência de derrubadas e incêndios. 

Esse procedimento resulta em  vários fatores negativos ao meio ambiente, em destaque encontramos: perda da biodiversidade, empobrecimento do solo, emissão de gás carbônico na atmosfera, alterações climáticas, erosões, entre outros.

Representei o solo empobrecido na parte superior da bandeira, o local que outrora fora verde e vívido foi substituído por terra rachada e enfraquecida.

O losango amarelo em nossa bandeira representa o ouro e as riquezas. Conservei o significado, mas sugeri uma reflexão: qual riqueza nos representa? É a riqueza natural ou a material? Já que somos ricos, todos os brasileiros usufruem dessa riqueza?

Se forem atentos aos detalhes, as moedas de ouro que formam o losango perdem o cifrão ao se misturarem com a parte verde que ainda resta, não por descuido ou preguiça, mas para representar a ideologia adotada em nosso país de que “é mais fácil fazer dinheiro derrubando árvores do que conservando e plantando”.

No centro de nossa bandeira temos uma esfera azul que representa o céu da noite do Rio de Janeiro no 15 de novembro de 1889, com 27 estrelas representando os Estados brasileiros e o Distrito Federal. Esse significado não conservei, substitui por uma esfera que representa um problema que ainda está em pauta: a crise hídrica. Esse problema ocorre justamente devido ao desmatamento e por causa do desperdício do líquido precioso.

Ao redor da bandeira alguns cifrões estão espalhados, eles representam a corrupção no Brasil que, de tão comum, já virou um símbolo nacional.

O meu objetivo é fazer os brasileiros refletirem e se posicionarem para defender e cuidar de nossa pátria abandonada que utopicamente traz “ordem e progresso” como lema.

Como fazer uma lancheira em forma de coelho (passo-a-passo)


Aprenda a fazer uma lacheirinha em forma de coelho com materiais bem simples, para facilitar a decoração com o tema da páscoa! 



Materiais necessários:

  • Tesoura;
  • Cola;
  • Papel peso 40 ou cartolina branca (ou na cor de sua preferência);
  • EVA colorido;
  • Lápis;
  • Borracha;
  • Régua.

  


Passo 1:  
Recorte a área pontilhada do molde.


Passo 2:
Dobre as áreas marcadas com linhas para formar vincos.
 

Passo 3:
Cole as laterais para dar a forma de saquinho de papel.

Passo 4:
Dobre as laterais para o lado de dentro, e depois a parte superior
para baixo.

Passo 5:


Recorte as partes complementares (orelhas, pés, nariz e dentes).
Passo 6:

Cole as partes complementares e está pronta a lancheira!
Viu como é fácil? Agora você já pode fazer a sua!
                     

Crônica: A ESPREITADA

 
Nos dias atuais observa-se uma grande dependência dos celulares. Esses pequenos aparelhos que antes serviam apenas para realizar ligações, hoje trazem uma infinidade de facilidades e contribuem com a quebra de barreiras do mundo globalizado.

O principal exemplo dessa quebra de barreiras é o modo como nos comunicamos com pessoas do outro lado do globo ou simplesmente do outro lado da rua. Porém, ao mesmo tempo vivemos um paradoxo, pois pelo mesmo motivo as pessoas tem se distanciado. Trocam relações reais por virtuais, isso quando as tem.

Essas relações virtuais se originam da grande quantidade de redes sociais que nos prendem e nos distrai o tempo todo, não importa o lugar onde estamos: no ônibus, na igreja, na sala de aula ou no trabalho.

Todos os dias quando pego um ônibus para ir até a faculdade observo a quantidade de pessoas com seus aparelhos, muitas vezes até em pé no corredor por falta de assento, mas não largam as redes sociais.

Recordo-me que uma certa vez, estava eu em pé, em um ônibus lotado. Como de costume, segurava-me na lateral de uma das cadeiras e passei a observar a moça que estava sentada nela. Assim como muitos dali, ela mexia no celular. Notei que por várias vezes ela me olhava com incomodo, como se me acusasse de espreitar sua conversa virtual. Indignei-me com a suspeita da acusação.

Por que eu iria querer olhar para o celular dela para saber da conversa que ela estava tendo com Luíza sobre o dia em que ela foi perseguida pelo cachorro da Dona Francisquinha da rua de baixo, por ter tentado fazer um carinho nele enquanto carregava uma sacolinha com dois reais de salsicha e que ela acabou dando as salsichas para o cachorro para se livrar da perseguição? 

Qual a diferença entre poema e poesia?

Certamente você já ouviu falar em poesia e em poema , e talvez já tenha se perguntado se há diferenças entre os dois termos ou se são simplesmente a mesma coisa.

De acordo com o dicionário Aurélio, poesia é a “Arte de criar imagens, de sugerir emoções por meio de uma linguagem em que se combinam sons, ritmos e significados”, ou seja, está ligada ao conteúdo, pode ser encontrada em narrativas literárias, como romances e novelas, no próprio poema, mas também pode estar presente como linguagem poética em obras que não utilizam a palavra como forma de expressão, como uma pintura ou uma fotografia.

Já o poema é definido como uma “Obra em verso ou não em que há poesia”. Apesar de não estar necessariamente em versos para ser um poema, geralmente ele vai ser encontrado dessa forma. Então, é comumente formalizado em versos, estrofes, com certos recursos da linguagem poética: ritmo, métrica, sonoridades, figuras de estilo e a linguagem poética. Para entender melhor, um verso refere-se a uma linha do poema; uma estrofe é composta por versos; as sonoridades são criadas a partir das rimas que as palavras formam que podem estar no meio ou final do poema.



                  
                     






















Confira o Poema: O AMOR na íntegra! 

Poema: O AMOR

Um vazio a ser preenchido,
Uma sede insaciável,
Um sofrimento justificado.
Não cessa de procurar;
E quer ser encontrado.

Quem o tem por inteiro,

O rejeita;
Quem o dá por completo,
É rejeitado;
Pode surgir de uma amizade
Ou em uma ser transformado.

Todo mundo quer te um;
Ninguém quer ficar de lado.
É impossível dividir,
Porque na verdade é somado.

Dos ardores do coração,
Ele é o mais desejado;
Dos sentimentos,
O mais esperado;
Do sofrimento,

O mais amado.

Autora: Joyce Luana de Farias

Colegas de Domicílio

Quando passei a morar na minha atual residência, fui recebida sem muitas felicitações pela moradoras daqui. Atualmente, posso até afir...